МИНИСТЕРСТВО ОБРАЗОВАНИЯ И НАУКИ РФ
ФЕДЕРАЛЬНОЕ ГОСУДАРСТВЕННОЕ
БЮДЖЕТНОЕ ОБРАЗОВАТЕЛЬНОЕ УЧРЕЖДЕНИЕ
ВЫСШЕГО ОБРАЗОВАНИЯ
«ВОРОНЕЖСКИЙ ГОСУДАРСТВЕННЫЙ
УНИВЕРСИТЕТ»
ESTILÍSTICA
Учебное пособие для вузов
Составитель Т.Н. Филиппова
Воронеж
Издательский дом ВГУ
2016
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ESTILÍSTICA
HISTÓRIA
O vocábulo Estilística do alemão stilistik, pelo francês stylistique й o ramo
da linguística que só na primeira década do séc. XX, surgiu como ciência, porque
até o século anterior, ela estava contida dentro da Retórica. Isso se deveu aos
trabalhos dos estudiosos Karl Vossler (alemão que escreveu "Positivismo e
Idealismo na Linguagem" e "A linguagem como criação e evolução") e Charles
Bally (suíço, cuja obra foi "Tratado de Estilística Francesa"). E ao passar a
designar nova disciplina ela fica ligada а linguística, na medida em que estuda a
expressividade das formas linguísticas, para fins persuasivos e artísticos, com
capacidade de emocionar e sugestionar.
Estilística toma, então, novos rumos, iniciando - se por uma reformulação
crítica do processo literário, ainda muito ligada a conceitos antigos, como a
historiografia de tradição positivista, а noção de épocas, gêneros, espécies,
aspectos exteriores а obra de maneira mecânica e burocrata.
Com o Romantismo, a partir do século XVIII, houve grandes mudanças
nos estudos da linguagem. Surgem novos gêneros, novas tendências, novas
ideias, além da criatividade do artista. Há contestação da autoridade da velha
Retórica, para dar espaço para o surgimento de uma nova Retórica, alterando por
completo o conceito de linguagem e estilo, com as ideias baseadas no conteúdo
psicossocial da linguagem e na consideração dos atos volitivos (da vontade) que
encerram os estilos individuais. A Estilística, então, evolui significativamente.
Seu objetivo não й mais dar conselhos para quem escreve. Entretanto, não fica
totalmente desligada dos estudos sobre a expressão linguística, que se ocupara
da linguagem para fins persuasivos e artísticos.
Surge um novo estudo de Estilística, fundado numa dicotomia: de um lado
aparece a Estilística da Expressão ou Estilística Descritiva, a qual relaciona a
forma e o pensamento geral; do outro lado, a Estilística Individual, também
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palavra estilística faz sentido e pode referie úteis referindo-se a uma série de
contextos literários, tais como o "grande estilo" de John Milton, "o estilo da prosa"
de Henry James, o "épico" e "estilo da canção popular" da literatura clássica grega,
etc. (Fowler. 1996, 185). Além disso, a estilística й um termo distintivo que pode
ser usado para determinar conexões entre forma e efeitos dentro de uma variedade
particular da língua. Consequentemente, a estilística visa ao que "acontece" dentro
da língua; o que as associações linguísticas revelam do estilo da língua.
Há de se enfatizar que, poucos estudiosos se dispuseram a elaborar uma
metodologia de análise estilística que atendesse exclusivamente a língua
portuguesa. Todos os estudos existentes, até hoje, têm como fundamentação
teórica várias teorias estilísticas feitas em outros idiomas, que nem sempre podem
ser aplicadas ao português, e as adaptações de metodologias ficam empobrecidas
face a riqueza de ideias e colocações exprimidas pelos nossos escritores.
VARIEDADE DE CONCEITOS DE ESTILO
A palavra estilo, que hoje se aplica a tudo que possa apresentar
características particulares, das coisas mais banais e concretas às mais altas
criações artísticas, tem uma origem modesta.
George Mounin reúne as definições de estilo em três grupos: 1) as que
consideram estilo como desvio da norma; 2) as que julgam como elaboração; 3)
as que o entendem como conotação.
Nils Erik Enkvist as distribui em seis grupos: 1) estilo como adição; 2)
estilo como escolha; 3) estilo como conjunto de características individuais; 4)
estilo como desvio da norma; 5) estilo como características coletivas; 6) estilo
como resultado de relações entre entidades linguísticas.
Acrescente-se que, dos teóricos da Estilística, alguns só consideram o
estilo na língua literária, outros o consideram nos diversos usos da língua; alguns
relacionam o estilo ao autor, outros а obra, outros ao leitor, que reage ao texto
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literário; alguns se concentraram na forma da obra ou do enunciado, outros na
totalidade forma-pensamento.
ESTILÍSTICA DA LINGUA
Ampliando o campo de estudo do seu mestre Ferdinand de
Saussure, Charles Bally volta-se para os aspectos afetivos da língua falada, da
língua a serviço da vida humana, língua viva, espontânea, mas gramaticalizada,
lexicalizada, e possuidora de um sistema expressivo.
Bally distingue duas faces da linguagem: a intelectiva ou lógica e a afetiva;
estuda os efeitos da afetividade no uso da língua; examina os meios pelos quais o
sistema impessoal da língua й convertido na matéria viva da fala humana.
Os efeitos expressivos, pelos quais o ser humano manifesta seus sentimentos
e atua sobre o seu semelhante, são classificados em naturais e evocativos.
ESTILÍSTICA COMO SOCIOLINGUÍSTICA
Entre os linguistas ingleses voltados para a Estilística, й oportuno
mencionar que David Crystale Derek Davy, que, embora não se prendam а
corrente iniciada por Bally, apresentam alguns pontos comuns.
Segundo estes autores, a Linguística й a disciplina acadêmica que estuda
cientificamente a linguagem, e a Estilística й uma parte dessa disciplina que
estuda certos aspectos da variação linguística.
Os autores reconhecem que o primeiro passo na análise estilística й a
apreensão dos traços estilísticos; e que й forçosamente intuitivo, mas o estilólogo
deve falar objetivamente sobre eles.
ESTILÍSTICA LITERÁRIA
Й outra grande corrente da Estilística, iniciada por Leo Spitzer, também
chamada idealista, psicológica e genética.
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A Estilística de Spitzer faz parte da reflexão, de cunho psicologista, sobre
os desvios da linguagem em relação ao uso comum.
O objeto da Estilística й bem amplo, global, abrangendo “o imaginativo, o
afetivo e o conceitual”.
Segundo Dâmaso Alonso Toda obra literária encerra um mistério e sua
compreensão depende basicamente da intuição, podendo-se, entretanto, estudar
cientificamente os elementos significativos presentes na linguagem.
Há ainda três modos de compreender a obra literária, marcados por um
crescente grau de precisão.
O primeiro й o do leitor comum, uma intuição totalizadora, que se forma
no processo da leitura e que reproduz a intuição totalizadora que deu origem а
obra.
O segundo й o do crítico, cujas qualidades de leitor são excepcionalmente
desenvolvidas, tendo ele uma capacidade receptiva mais intensa e mais extensa
que a comum.
O terceiro й o da tentativa de desvendar os mistérios da criação de uma
obra e dos efeitos dessa obra sobre os leitores.
A tarefa da Estilística literária й examinar como й constituída a obra
literária e considerar o prazer estético que ela provoca no leitor.
ESTILÍSTICA FUNCIONAL E ESTRUCTURAL
A Estilística se diz funcional, quando relacionada às funções da linguagem,
e se desenvolve, em grande parte baseada nos estudos de Roman Jakobson.
Rejeitando os termos Estilística e estilo, Jakobson os substitui por Poética
e Função Poética, respectivamente.
O objeto da Poética й esclarecer o que й que faz a mensagem verbal uma
obra de arte; a distinção do que й artístico do que não й artístico.
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A função resultante do pendor para o emissor й a emotiva (ou expressiva),
cuja realização mais pura й a interjeição.
A função ligada ao canal й a fática, que diz respeito ao contato entre
emissor e receptor.
A função poética, que vem a ser o pendor para a própria mensagem,
correspondendo а sua elaboração como um fim em si mesma, pode sobrepor-se às
demais funções, ou ainda estar presente no texto sem ser a de maior
proeminência.
Aproximando a teoria de Jakobson da de Bally, podemos dizer que,
enquanto para este a Estilística se concentra na função emotiva da linguagem em
relação com a função intelectiva (referencial), para Jakobson a Estilística, ou
Poética, se concentra na relação da Função Poética com as demais funções.
Para explicar a realização da função poética, Jakobson entra na
estruturação da frase e do texto (Estilística Estrutural), lembrando os dois modos
fundamentais do comportamento verbal; a seleção (eixo paradigmático) e a
combinação (eixo sintagmático).
Jakobson mostra que o efeito poético repousa sobre uma combinação das
duas estruturas: a análise da mensagem não deve dispensar a análise do sistema, o
código.
Riffaterre considera a Estilística um estudo exclusivo da mensagem,
negando a pertinência estilística do sistema.
O estilo й forma resultante da forma da mensagem e repousa sobre uma
dupla série de procedimentos: uns decorrentes de uma convergência, e outros
decorrentes dum contrastes de signos.
Samuel Levin, aplicando o princípio da função poética de Jakobson,
procura descrever as estruturas linguísticas que distinguem a linguagem da poesia
da linguagem comum.
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ESTILÍSTICA E RETÓRICA
A Estilística despontou nas primeiras décadas deste século como uma
disciplina de intenção mais ou menos científica, sem o objetivo prático de
ministrar conselhos ou normas a quem fala ou escreve.
A Retórica, que se ocupou da linguagem para fins persuasivos e artísticos.
A acentuada valorização da palavra, do discurso, que impregna as falas dos
heróis homéricos nos faz crer numa retórica assistemática.
A Retórica й primariamente uma técnica de argumentação, mais do que de
ornamentação.
Ao tratar do estilo, afirma ser a clareza, que se alcança pelo emprego dos
termos próprios.
O orador deve adequar o estilo rasteiro como o empolado.
Salienta também a importância do epítero e do diminutivo, aconselhando,
contudo, a moderação no uso de um e outro.
Muito pertinentes são também as considerações sobre o ritmo, o qual
concorre para que o discurso ganhe majestade e realize a sua função de comover.
Na Poética, Aristóteles trata da conceituação de poesia como imitação da
realidade (mimese), dos gêneros poéticos (tragédia e epopéia, sobretudo) e da
elocução poética, mencionando aspectos comuns a oratória, como clareza.
O estudo da elocução chegará a sobrepor-se ao das demais partes da
Retórica (invenção, disposição, ação e memória).
Com a profunda mudança de idéias que se dá a partir do século XVIII
(Romantismo), com a valorização do individual e repúdio de normas
estabelecidas e da imitação como princípio artístico, a Retórica cai em
desprestígio, passa até a ser ridicularizada.
Por volta dos anos sessenta, pode-se presenciar um movimento de
revalorização da Retórica, uma nova avaliação da sua contribuição ao estudo dos
fatos da linguagem.
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